Noções de língua geral ou nheengatu: gramática, lendas e vocabulário
Padre Afonso CasasnovasQuando os portugueses chegaram ao Brasil, no início de século XVI, toda a costa brasileira, desde o atual Maranhão até São Paulo, era habitada por numerosas tribos designadas pelo nome geral de tupinambá. Falavam todos a mesma língua, o tupi, que Anchieta, o apóstolo do Brasil, chamou de “língua brasílica”.
É obra dele a primeira gramática desse idioma, publicada em 1595 com o significativo título de “Arte da gramática da língua mais usada na costa do Brasil”. Justamente por ser a “mais usada”, recebeu mais tarde o nome de “língua geral”.
Os novos ocupantes da terra brasileira vinham para cá, na sua maioria, sem mulheres. Passaram a viver com mulheres indígenas; consequentemente seus filhos falavam como língua materna a indígena. O mesmo aconteceu, a partir do século seguinte, com os bandeirantes paulistas. Estendendo suas excursões pelo interior do Brasil até à Amazónia, acabaram levando para essa região a mesma língua, que lá recebeu o nome sugestivo de nheengatu: “língua boa”.